Madness
Se há coisa que eu venho a dizer há algum tempo é que hoje em dia as pessoas estão muito mais "sensíveis". Qualquer toda as tira do sério, uma situação aparentemente irrelevante causa toda uma revolta.
Sendo da área da Psicologia sinto que devo comentar o tema do momento: a capa da revista Vogue Portugal. Isto não é um comentário como psicóloga, mas sim como indivíduo que faz parte desta sociedade (não vá a Ordem dos Psicólogos ler isto, não concordar com a opinião e querer tirar-me a cédula profissional que me custou tanto a conseguir).
Em primeiro lugar acho óptimo que se fale destes assuntos, tudo o que faça as pessoas falarem e opinarem sobre estes temas tabu é excelente.
Agora relativamente à capa em si, considero que não foi uma boa aposta. A imagem remete para preconceitos sobre as perturbações mentais, para aquela ideia de alguém louco que é internado num hospício. As perturbações mentais são muito mais que isso, elas andam aí e são muito mais comuns do que aquilo que pensamos. Claro que existem perturbações graves e que podem levar a um internamento, como a esquizofrenia, mas existem outras como a depressão que estão em todo o lado e que na maioria das vezes não chegam a esse ponto de necessitar de internamento.
O título é ainda pior. Refere que esta é a edição da "loucura". As pessoas com perturbação mental não são loucas, luta-se há décadas para mudar este estereótipo, para eliminar o preconceito que afecta quem sofre destas doenças e impede que procurem ajuda. Na sua maioria, não há preconceito para quem sofre de perturbações de saúde física, porque é que este ainda existe para quem sofre de perturbações de saúde mental? Somos seres multidimensionais, não nos limitamos à componente física, temos também componentes sociais e emocionais. Então porque ignoramos tal facto?
Apesar de toda esta polémica, como já referi, pode vir daí algo positivo: a discussão e uma futura mudança de mentalidades.
Imagem retirada do site Magg.sapo.pt