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Brainstorming 2.0

Um blog que é basicamente um consultório de um psicólogo onde se fala de tudo sem restrições ou medos.

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Brainstorm pós-férias

   O meu homem virou-se para mim no outro dia, quando estávamos a vir para casa depois de termos ido a um evento ao ar livre aqui na zona, e agradeceu-me por ter ido com ele. Eu surpreendida perguntei porquê, ao que ele responde que eu tinha feito o favor de ir com ele ver um evento que ele queria ver e que normalmente eu não saio muito de casa porque estou cansada. 

   É triste mas é verdade. Eu passei um ano e quatro meses a trabalhar consecutivamente sem férias, houve apenas umas raras situações em que consegui juntar 3 dias de folga seguidos, de resto e devido ao tipo de trabalho e de horários que tenho, nem dá para aproveitar feriados ou fins de semana prolongados. E isso tem consequências, de facto sentia-me tão cansada do trabalho e também de pessoas no geral, porque trabalho no atendimento ao público, que a última coisa que me apetecia quando chegava a casa, era sair novamente, fosse para o que fosse.

    Mas nestas férias cheguei a uma conclusão, ou melhor, apercebi-me ainda mais de uma coisa da qual já me tinha apercebido: vivemos numa rodinha de hamster em que corremos e corremos sem chegar a lado nenhum. Dizem-nos para correr e assim fazemos, na esperança de chegar a algum lado. Quando afinal, só precisávamos de parar, sair da rodinha por uns momentos e apreciar a vida.

   Quando fomos a Barcelona senti-me um espírito livre, primeiro porque não tinha as responsabilidades que tenho no meu dia-a-dia e depois porque todo aquele ambiente, diferente do meu ambiente habitual, me incentivava a explorar e a querer sair e ver o mundo. O moço até me perguntava se eu não queria parar e descansar e eu não, queria ver o máximo possível, aproveitar tudo o que conseguisse. Chegámos a Portugal cansados mas era um cansaço diferente, era recompensador, tínhamos criado memórias felizes para a vida e viemos com vontade de repetir novamente. 

    Sinto que estou no caminho certo, no sentido em que cada vez dou menos valor ao trabalho e mais valor à minha vida pessoal e às experiências que vou tendo. Isto não quer dizer que não me esforce no trabalho ou não seja produtiva. Significa apenas que aquele trabalho não me define, é só uma ínfima parte da minha vida, tudo o resto está cá fora e não quero ter de pensar em trabalho além daquelas 40 horas por semana (que já são demasiadas). Quero focar-me no resto.

    O meu estágio profissional há uns anos atrás envolvia trabalhar com idosos e por muito mau que o estágio tivesse sido (já falei anteriormente sobre isso) aprendi duas coisas essenciais que levei comigo para o resto da vida:

  1. Não me volto a escravizar por trabalho nenhum: é só um trabalho, independentemente de ser na minha área e acharem que eu tenho de trabalhar o dobro por causa disso e aceitar condições de trabalho miseráveis. Nunca mais. Trabalhos há muitos, a vida pessoal e a nossa saúde são bens mais raros e essenciais.
  2. Convivi com séniores de várias gerações (entre os 65 e os 100 anos) e todos eles me deram o mesmo conselho: o mais importante são as nossas pessoas, amigos, família e nós próprios. Todos, sem excepção, me disseram que se pudessem fazer algo de diferente seria trabalhar menos e aproveitar mais a vida. De facto, acho que não se chega àquela idade e se pensa "quem me dera ter trabalhado mais", muito pelo contrário. 

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