Fomos apanhados na encrenca da compra de casa
Tenho andado desaparecida porque tal como tantos portugueses que querem comprar casa e se vêem à rasca, encontramo-nos agora na mesma situação.
Estamos a morar há mais de ano e meio neste apartamento arrendado, não tem as melhores condições mas a renda não é muito elevada (em comparação com o que vemos por aí) e a localização é próxima dos empregos. É um apartamento duplex que foi transformado pelo senhorio em dois apartamentos separados. Quando nos mudámos, o apartamento de baixo, que é o que tem melhores condições, já estava arrendado a um rapaz. O senhorio disse na altura que nos mudámos que comprou o apartamento para a filha quando ela viesse estudar para a universidade. Ela de facto esteve cá enquanto esteve a estudar e depois foi à vida dela. Então continuou a arrendar o apartamento a outras pessoas. Fomos sinceros com ele e dissemos que um dia a nossa intenção seria ter casa própria.
Desde então passámos por várias fases: querer comprar um terreno e construir casa mas os preços dos terrenos começaram a subir e toda a burocracia necessária e tempo de construção implicava anos até à conclusão; depois pensámos em comprar uma casa mais barata e fazer obras de renovação mas então o preço dos materiais de construção escalou exponencialmente; então concluímos que temos de comprar uma casa que esteja em condições de ser habitada no momento. Mas fomos pensando no assunto com calma porque eu ainda não estava efectiva no emprego.
Entretanto, há mais ou menos 2 meses, recebemos um telefonema do senhorio a perguntar se estávamos a pensar sair do apartamento. Entrámos em pânico. No entanto, ele diz para não nos preocuparmos, porque a filha estava grávida e precisava de um apartamento mas que queria o apartamento de baixo porque tinha melhores condições. Portanto, se nós saíssemos, o senhorio ia pedir ao nosso vizinho de baixo para passar para o apartamento de cima e a filha e o genro iam para o apartamento de baixo. Como nós dissemos que não estávamos a pensar sair já, ele pediu ao rapaz do apartamento de baixo para sair.
A filha do senhorio e o namorado mudaram-se para o apartamento de baixo no início deste mês, eles, o bebé que afinal já nasceu e o cão, que foi uma grande surpresa considerando que o senhorio nos disse que não podíamos ter animais de estimação no apartamento depois da filha dele nos ter dito no início que não havia problema. Portanto neste momento, deixei de esconder que temos um gato porque existe um cão no apartamento de baixo que ladra e uiva constantemente e arranha a porta da frente e faz um barulhão cada vez que fica sozinho em casa. A juntar a isto, temos o bebé, que como é natural, volta e meia está a chorar.
Como é óbvio, disse logo ao moço que temos de nos pôr a andar daqui o mais rápido possível porque quando quiserem um quarto para o bebé dormir sozinho, vão querer ficar com o apartamento de cima também. Mas e a dificuldade que é encontrar uma casa a um preço minimamente razoável, que esteja habitável e não fique a meia hora de distância? Não compreendo como é que num país que diz ser desenvolvido, a maioria das pessoas não consegue comprar casa própria, algo que é um bem de primeira necessidade, e quem consegue um crédito para tal, só acaba de a pagar já na reforma. E no entanto, o desespero leva-nos a entrar nesta corrida de loucos que é pedir um crédito habitação para comprar uma casa para podermos viver decentemente, sem sermos despejados daqui a um ou dois anos e não termos de voltar para casa dos pais.