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Brainstorming 2.0

Um blog que é basicamente um consultório de um psicólogo onde se fala de tudo sem restrições ou medos.

Brainstorming 2.0

Um blog que é basicamente um consultório de um psicólogo onde se fala de tudo sem restrições ou medos.

O acolhimento

   Não sei se será só da minha experiência no mundo laboral, se é algo da área em que trabalho ou se será comum a uma escala maior, mas o acolhimento de novos trabalhadores nas empresas é muito fraquinho. É muito desorganizado e por vezes completamente inexistente. Parece que se ignora a fase de acolhimento de uma nova pessoa no trabalho, que para mim é extremamente importante porque permite-nos ficar a conhecer melhor a empresa, uma melhor e mais rápida integração e um melhor desempenho porque percebemos o que é esperado de nós e quando.

   Ainda antes do primeiro dia, pouco ou nada nos é dito, vamos para lá sem saber praticamente nada, às vezes sem contrato assinado, como é o meu caso, que ainda estou à espera de assinar o meu, 4 dias depois de ter começado. Depois chegamos lá, não sabemos onde nos dirigir ou que é esperado de nós naqueles primeiros dias, não há um procedimento específico. Vão-nos ensinando coisas ao acaso, que na cabeça de alguém novo naquele trabalho, não fazem grande sentido e depois, por alguma razão que desconheço, parece que esperam que já saibamos fazer determinadas coisas que para eles são básicas mas que para quem começa são completamente novas.

   Eu já estava a trabalhar nesta área, mas é tudo novo para mim naquela empresa: os produtos que vendemos, os programas com que trabalhamos, os procedimentos, as pessoas... por isso partam do princípio que eu não sei nada e ensinem-me! Mas devagar para eu conseguir processar as coisas, porque fazer comigo a ver e à velocidade da luz, não vou ficar a saber como fazer aquela tarefa.

   No meu caso chegou ao cúmulo da simples tarefa que é ir à casa de banho. Obviamente eu não sabia onde era o wc dos funcionários, aliás, nem sabia que existia um wc só para os funcionários, por isso segui as placas e fui ao wc comum. Quando regressei, a minha colega perguntou onde eu tinha ido à casa de banho. Expliquei-lhe e ela respondeu que não devia ir a esse, tinha de ir ao wc dos funcionários que afinal fica atrás de uma porta que passa despercebida e não tem qualquer tipo de sinalização de wc. Mas ao que parece, eu já devia vir ensinada e não vim.

   Será isto algo comum?

Imagem retirada do site bm-consultingservices.com

Onde estavas no 11 de Setembro?

   Quase todos se lembram onde estavam no dia 11 de Setembro de 2001. Foi há 20 anos mas quando algo tão gigantesco acontece, parece que tudo pára no tempo e talvez por isso nos lembremos do que estávamos a fazer naquele preciso momento. Foi horrível, o mundo mudou significativamente depois disso, o terrorismo passou a fazer parte do nosso vocabulário e eu era uma criança, só compreendi realmente o peso e significado daquele dia anos depois.

   Lembro-me que estava em casa dos meus avós paternos, tinha 9 anos e, enquanto os meus pais trabalhavam, eram eles que cuidavam de mim. Recordo-me que era depois de almoço, talvez a minha última semana de férias de verão antes de regressar às aulas, e estava a brincar num monte de areia que havia lá em casa, que era usada para fazer umas pequenas obras por lá. Sei que subi as escadas e fui encontrar a minha avó colada em frente à televisão, ela não dizia nada. Lembro-me claramente das imagens, e até de pensar que era uma chatice os canais estarem sempre a repetir aquilo. Era a inocência e a ignorância de uma criança.

    Tenho família em Nova Iorque. Recordo-me de a minha mãe dizer que felizmente estava tudo bem com eles mas que estavam em choque. Moravam do outro lado do rio Hudson e viram todo o terror a desenrolar-se à frente deles.

   The falling man: a imagem acima correu mundo. A primeira vez que a vi foi num livro escolar de História A, no ensino secundário e deu-me a volta ao estômago. Tal como este homem, milhares de inocentes morreram naquele dia. O assustador é o quão imprevisível é. Aquelas pessoas iam apenas trabalhar, mais um dia completamente normal. Não fosse a anormalidade do terrorismo estragar tudo...

Imgem retirada do site Esquire.com

Os motivos para mudar de emprego

   Há muitas variáveis envolvidas na mudança de emprego e no geral é algo bastante complexo, mas no meu caso e neste momento, resume-se a uma insatisfação significativa com a situação laboral actual. Em concreto, existiram 3 motivos principais para procurar outra oportunidade e aceitar um novo desafio:

  • A empresa não cumprir o que foi estabelecido no início: um dos factores foi terem-me dito ainda antes de ser seleccionada que teria direito a um prémio mensal se atingisse os objectivos propostos. Mas há uns 3 meses atrás, foi comunicado a mim e às minhas colegas que iríamos deixar de ter direito a estes prémios, pelo menos durante 6 meses e não nos conseguiram dar uma justificação decente nem nos conseguiram assegurar que daqui a 6 meses iriam voltar a implementar esse sistema de prémios. E é muito desmotivante perder o direito a eles sem perceber o porquê, até porque acabamos por não ter vontade de nos esforçar, façamos o mínimo ou esforcemo-nos ao máximo, ganhamos exactamente o mesmo. E se a empresa altera as regras do jogo quando quer, conforme lhe convém, não é uma empresa onde eu queira ficar. Já tive essa experiência no meu estágio profissional, não correu bem e não quero repetir.
  • Os horários: que iria ter horários e folgas rotativas, já eu sabia e estava de acordo com isso, até porque já tinha trabalhado dessa forma durante 3 anos. Infelizmente, este ano fui muito massacrada com o horário da noite, fiz mais noites que qualquer uma das minhas colegas e não via intenções de isso vir a mudar. Além disso, a empresa tem uma política de quando há falta de colaboradores, colocar os que tem a fazerem 9 ou 10 horas de trabalho por dia, e depois as horas a mais são descontadas noutros dias a decidir pela empresa. Inicialmente fui muito compreensiva com este aspecto, por causa das restrições de horários devido ao Covid e do facto de uma colega ter ficado de baixa médica inesperadamente, mas isso repetiu-se constantemente até agora. Quando referia esta situação a amigos e familiares, a resposta era sempre a mesma: se têm falta de pessoal ou contratam mais pessoas ou reduzem o horário de funcionamento. E eles tinham razão mas a empresa já faz isso há tantos anos e está tão enraizado na cultura dela que os próprios colaboradores que já lá estão há anos encolhem os ombros, como quem diz que não há nada a fazer quanto a isso e não me parece que este aspecto vá ser alterado a curto/médio prazo.
  • E o principal motivo, indefinição das tarefas de cada colaborador: isto significa que no contrato não é descrito especificamente o que cada colaborador faz, é tudo relatado no geral para a empresa se salvaguardar e poder tirar uma pessoa de uma secção e colocá-la noutra sem ter problemas a nível legal conforme lhes dá mais jeito. Ou seja, eu podia um dia chegar ao trabalho, dizerem-me que não precisavam mais de mim naquela área e que eu iria ser enviada para outra e eu não podia recusar, senão seria despedida por justa causa. Aliás, isto aconteceu com vários colaboradores e até com as colegas da minha secção que já lá trabalham há 20 anos, portanto era uma questão de tempo até acontecer comigo. E quando a responsável me comunicou que eu ia ser efectivada (embora a empresa não o estivesse a fazer com ninguém mas de facto precisavam mesmo muito que eu ficasse e não tinham outra opção), questionei se ia ficar na secção onde estava. Ela respondeu que em princípio sim, quanto muito iria para uma outra secção relativamente similar, mas eu notei que me disse aquilo só para me tranquilizar e sem certezas nenhumas. Sim, eu estava efectiva e tinha essa segurança. Mas faltava-me a segurança de saber que ia ficar ligada à área que gostava. Se um dia quisesse mudar, isso teria de partir de mim, por gosto e interesse numa outra área, e não da empresa, porque ela não tem em conta se a pessoa quer mudar, gosta da nova área ou tem perfil para tal. Mudam as pessoas consoante precisam de mais ou menos gente naquela secção e eu gosto de ter os papéis bem definidos. 

   Cada pessoa terá os seus motivos para mudar de emprego. Estes foram as minhas principais razões, embora hajam outras, porque o que aí vem pode ser melhor ou pior, mas pelo menos será diferente.

Setembro é uma espécie de início de ano novo

   Senão vejamos, é quando recomeçam as aulas e, enquanto estudamos, é sempre um mês de recomeço e início de um novo ano lectivo; normalmente muitos tiram férias em Agosto e Setembro é o mês de recomeçar a trabalhar, se tudo correr bem com um novo fôlego; há um ano atrás, estava eu a começar um novo emprego, que embora na altura pensasse ser apenas temporário, depois se tornou permanente e implicou também mudança de morada; e agora, decidi mudar novamente e aceitar um outro desafio profissional, que vai começar em Setembro. Será coincidência, ou Setembro é uma espécie de segundo dia de ano novo?