Sei que nos tempos que correm pode ser mais fácil pensar nos pontos negativos do que nos positivos mas a verdade é que as restrições deste ano completamente atípico vieram de encontro àquilo que tenho vindo a aperceber-me desde há alguns anos para cá.
O importante não são as prendas, não é ter a mesa cheia de gente que às vezes só aparece naquela altura do ano, não é ter coisas para mostrar nas redes sociais.
Importante é que estejam presentes as pessoas de quem gostamos, que são o nosso suporte, que se tenha o essencial para ter uma mesa recheada, que se esqueça por um dia, uma noite, uma hora que existem telemóveis e redes sociais e se esteja ali, não só de corpo mas também com a alma presente. Que se criem memórias, se vivam os momentos, porque sabemos lá como será no próximo ano.
Dentro dos possíveis, desejo a todos que tenha sido um feliz Natal
É contra natura um filho partir antes dos pais. Ainda mais quando é jovem.
Foi o caso da filha do Tony Carreira. Há quem ame e quem odeie aquela família mas ninguém deveria ter de passar por uma situação destas, muito menos ter de processar um luto perante o escrutínio de um país inteiro. Como era de esperar, não se fala hoje de outra coisa.
Quando acordei de manhã e vi as notícias, fiquei em choque. Não sou fã dos Carreira, uma infância obrigada pelo meu pai a ouvir as músicas do Tony nas viagens de carro, deixou-me intolerante às músicas dele. Mas tirando isso não tenho nada contra aquela família, aliás fiquei com uma enorme empatia por eles quando soube do sucedido. Num ano horrível, em plena época em que se celebra a família e vindo do nada, acontece uma tragédias destas.
Lembro-me de no meu estágio profissional ter algumas senhoras já nos seus 80/90 anos que tinham perdido filhos quando estes tinham tenra idade, e sempre que os relembravam as lágrimas e a dor teimavam em surgir. Como elas me disseram, a morte do filho nunca se supera, fica sempre um vazio em seu lugar, mas a vida segue em frente e elas também tiveram de o fazer, pelos maridos, pelos restantes filhos e também por elas. Eu não sou mãe e estarei ainda longe disso, no entanto mesmo não tendo ainda sentido o amor que se tem por um filho, presumo que seja das coisas mais fortes que existe no mundo. Assim como a perda de um filho será das dores mais insuportáveis e inultrapassáveis que pode existir.
Aquela família tem um desafio terrível pela frente. E era bom que as pessoas percebessem isso e os deixassem fazer o luto, tal como eles pediram, em paz.
Finalmente, habemos computador novo! O que significa que finalmente posso escrever à vontade sem me enganar dezenas de vezes a escrever, como acontecia no telemóvel.
Bem, o que tenho para meter cá para fora é simples e em simultâneo é também complicado: as restrições nos horários de funcionamento das lojas devido à pandemia. Sabemos que isto está a ser difícil para todos mas honestamente quem implementa as restrições parece estar a fazer um teste para ver o que funciona melhor. E isso é só mesmo irritante para quem vê a sua vida mudar semana a semana em função disso, como é o meu caso e o de muitos colegas.
Senão vejamos: ao fim de semana as lojas fecham às 13h, nas vésperas de feriado fecham às 15h e nos feriados voltam a fechar às 13h. Depois não se pode circular entre concelhos, mas só alguns, quer dizer aqueles que têm maior incidência de casos, portanto, quase todos.
O meu horário nas últimas semanas mudou tantas vezes que lhe perdi a conta. Trocaram-me folgas, puseram-me a fazer 9 ou 10 horas dias seguidos para compensar as horas que não foram trabalhadas no fim de semana, puseram-me a fazer tarefas que não são da minha competência para poder fazer as horas de trabalho estipuladas no horário. Enfim.
O curioso disto? Não é por impedirem a circulação entre concelhos que as pessoas deixam de o fazer, não é por limitarem os horários em certos dias que as pessoas pensam melhor e vão noutros, aliás, nunca vi a loja tão apinhada de clientes e na vez de haver mais clientes noutros dias da semana, os clientes aglomeram-se todos na sexta, sábado e domingo, como sempre foi habitual.
Eu compreendo que não é uma situação fácil mas no meio de tudo isto quem mais sofre é o Zé Povinho, as pessoas que têm de trabalhar nestas alturas. Porque o Governo está descansado em casa a fazer ponte nas vésperas de feriados, os patrões trabalham de segunda a sexta em horários fixos. Mas nós estamos na linha da frente a dar tudo, ainda mais do que o normal e sem receber nada em troca.
Quem me dera que isto da pandemia terminasse rápido.