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Brainstorming 2.0

Um blog que é basicamente um consultório de um psicólogo onde se fala de tudo sem restrições ou medos.

Brainstorming 2.0

Um blog que é basicamente um consultório de um psicólogo onde se fala de tudo sem restrições ou medos.

All together for a job interview

   Enviaram-me um email na quarta à noite (o qual só vi na quinta de manhã) a convocar-me para uma entrevista para uma vaga de emprego na área dos Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional. Espectacular! Só que trazia brinde: era preciso preencher um teste com 10 perguntas e enviar até às 18 horas de quinta-feira.

   Depois de demorar 4 horas e meia a preencher o teste para confirmar a minha presença na entrevista de ontem de manhã, fiquei a saber que só sei que nada sei. Ainda assim, esforcei-me, levantei-me cedo, arranjei-me e saí com uma hora de antecedência de casa (segundo o GPS ia demorar 35 minutos). Mas como eu já me conheço e tenho tendência para me perder, fui com tempo de sobra. 

   Meio dito, meio feito, tive de pedir informações a pessoas que estavam na rua por duas vezes, ligar para a recepção da empresa mais duas vezes para pedir orientações (a rapariga também não conseguiu ajudar muito) e ainda assim o que me salvou foi um senhor de uma empresa transportadora que estava a sair de uma empresa e disse para eu o seguir e me levou ao local certo (bendito seja!), sendo que esta aventura de andar perdida num parque industrial demorou meia hora e cheguei mesmo em cima da hora (mas felizmente não fui a última a chegar).

   Depois de tudo isto, fui confundida com uma rapariga com o mesmo nome que eu mas que não foi seleccionada para a entrevista. Portanto, houve ali uma confusão mas, concluindo, era mesmo eu que era suposto ir à entrevista. Fiquei a saber que o meu questionário foi o que teve a nota mais alta (96%!) e até não me safei mal na dinâmica de grupo (para mim tendo para a introversão, só o facto de não ter ficado calada a um canto já é óptimo). Mas gostei do que vi acerca da empresa e não me importava nadinha de ficar com a vaga.

   Agora aguardo feedback para saber se vou ser chamada para a próxima fase, a entrevista individual. Rezem por mim.

The grass isn't always greener on the other side

   A notícia sobre o suicídio do actor Pedro Lima foi um choque. Tinha 49 anos, estava numa relação há quase 20 anos, 5 filhos e uma longa carreira como actor. E apesar de quem vê de fora achar que ele tinha tudo, por algum motivo ele considerava que não era assim e considerou que pôr termo à vida era a melhor opção. 

   Isto fez-me relembrar a altura em que o actor Robin Williams também pôs termo à vida. Um actor de renome, com uma longa e bem sucedida carreira, conhecido pelo seu humor e boa disposição. E no entanto, esse humor era o disfarce de algo mais negro dentro dele.

   A sociedade em geral ainda não dá a importância devida à saúde mental. Na minha opinião, talvez enviesada por ser psicóloga, por vezes as dores da alma conseguem ser mais fortes e destrutivas que as dores do corpo e passam muito mais despercebidas porque não se vêem. 

   Segundo os media, Pedro Lima lidava com uma depressão há anos. E infelizmente não conseguiu sair vitorioso desta luta. Apesar de tudo, agora ele estará em paz, o mesmo não se pode dizer da família e amigos. É extremamente difícil compreender o que leva outra pessoa a fazer algo assim, fazer o luto será complicado, além da tristeza, estão envolvidos sentimentos de culpa por acharem que não fizeram o suficiente ou até mesmo raiva pela pessoa ter escolhido este caminho. Se isto servir para alguma coisa, que seja para consciencializar a sociedade de que casos destes são bem mais comuns do que pensamos. E que a família e amigos dele consigam superar isto da melhor forma dentro do possível.

Imagem retirada do site vip.pt

A Short History of Nearly Everything

 

   Este livro tem uma história curiosa (desculpem a redundância). Comprei-o já há bastantes anos atrás na Bertrand, numa altura de saldos e penso que o trouxe por apenas 5 ou 7€, uma pechincha portanto. E há alguns anos, no Verão, decidi começar a lê-lo nas minhas idas à praia porque a minha versão é o livro de bolso e era mais prático para levar comigo. No entanto, não sei explicar o porquê, não me conseguiu chamar a atenção, sei que li umas dezenas de páginas e coloquei-o de lado. Talvez fosse o capítulo introdutório, sobre sistema solar e galáxias, tema que até me interessa mas ali tinha demasiado palavreado técnico.

   Fast forward até à quarentena. Pensei que sendo um livro pequeno ia conseguir lê-lo bem no máximo de 2 meses que ia estar em casa (credo, como me enganei redondamente nas previsões do tempo que ia ficar em casa...). Mas a verdade é que o li relativamente rápido. Desta vez, conseguiu captar a minha atenção, gostei bastante da escrita do Bill Bryson. Há partes mais aborrecidas, pelo tema em si (não consigo atinar com a Física) mas há outros capítulos que lia de uma assentada. Gostei especialmente das curiosidades que o autor ia mencionando sobre a vida pessoal das personalidades mencionadas.

   E apesar da edição que tenho ser de 2004, conseguiu prever a pandemia actual! Bem basicamente mencionou que cada vez mais os vírus irão sofrer mutações e causar mais desafios à Humanidade. Como diz o próprio título é uma história breve de vários temas ao longo da História para leigos. E se ficou alguma moral deste livro é que o ser humano enquanto espécie é uma máquina espantosa, mas tende a crer que é imortal e todo poderoso, causando destruição por onde passa. E no entanto, qualquer coisa pode terminar a nossa existência na Terra: um vírus, uma explosão vulcânica, um meteoro que choque com o planeta... Mas a vida quer ser vida, é essa vontade que faz a vida continuar mesmo após extinções em massa. E devido a um conjunto de meros acasos, surgiram as condições ideais ao aparecimento do ser humano. Por isso, somos especiais mas ao mesmo tempo, não somos assim tanto.

Imagem retirada do site da Fnac

There is always a catch

   Tinha entrevista marcada através do Whatsapp para uma vaga de estágio em Recursos Humanos. A empresa é conhecida, fica a 40 minutos de onde moro e o estágio seria para 6 meses. A entrevista durou meia hora, a recrutadora foi bastante simpática e directa e até não correu muito mal (digo eu).

   Mas (há sempre um mas), a recrutadora foi bastante sincera. Não há qualquer possibilidade de continuar na empresa depois do estágio (ao que parece a empresa não quer contratar mais gente por isso vive dos estágios), o salário seria de 600€ mais subsídio de alimentação recebidos por inteiro porque eles não fazem descontos para a Segurança Social e, por conseguinte, eu também não faria, o que significa que depois do estágio não teria direito a subsídio de desemprego (e a única coisa pior que estar a receber o subsídio de desemprego é estar desempregado e não ter direito a ele). Também foi bastante directa e disse que é muito trabalhoso, implica muita resiliência e gestão de stress e às vezes é necessário fazer horas extra (outra vez isto? Mas virou moda? Era feliz na Wells e não sabia...) embora entrem para banco de horas (menos mal). Ah, e seria para começar na próxima segunda-feira!

   Fiquei sem saber o que fazer. Por um lado gostava de ter a oportunidade de poder adquirir conhecimentos na área de Recursos Humanos numa empresa de renome. Por outro, estou cansada das condições de trabalho precário a que tenho sido sujeita nos últimos tempos. E portanto, depois da chamada de Whatsapp fui enviar candidatura para um hipermercado.

Thank you and bye bye!

   Vi ontem a notícia de que 10% dos trabalhadores da Super Bock vão ser despedidos.

   Durante a pandemia tive de ficar em casa. Trabalhava em vários lares como profissional externa e estes proibiram a entrada de pessoas que não fossem funcionários internos do lar. Mas durante muito tempo fui explorada: tinha de usar o meu carro particular ao serviço da empresa, tinha de usar o meu computador pessoal porque não tinham computador para eu usar, não fazia as horas de almoço completas porque estava a trabalhar, fazia horas extra que não eram pagas nem entravam para o banco de horas, entre tantas outras coisas. Ou seja, fiz um grande esforço por aquela empresa, por vezes prejudicando a minha saúde e bem-estar.

  Apesar do lay-off ser terrível (refiro-me ao corte no vencimento e ao facto de estar em casa a trabalhar apenas 4 horas por semana), no auge da pandemia muitas pessoas continuaram a ter de trabalhar, o que pode ser ainda mais complicado. Ao que parece, os funcionários da Super Bock fazem parte desse grupo. Colocaram a sua saúde em risco para a empresa não parar.

   E agora parte deles são mandados embora sem mais justificações. É um sentimento de impotência e, de certo modo, arrependimento, então esforçaram-se por uma empresa num momento difícil para depois lhes agradecerem assim? De certa forma, compreendo-os, também sinto que dei muito de mim a uma empresa que nunca me valorizou e assim que as coisas ficam difíceis mandam-me embora (também porque é uma microempresa constituída apenas por familiares e a única "ovelha negra" lá era eu).

   Será que não havia outra forma de não mandar esses 10% embora? Reduzir os salários dos grandes gestores, por exemplo? Porque a mensagem que estão a mandar aos restantes 90% dos trabalhadores é que não vale a pena esforçarem-se pela empresa, ninguém está a salvo e de um momento para o outro podem ser despedidos. As chefias não esperem que os funcionários dêem o melhor de si quando não são valorizados e se sentem constantemente na corda bamba.

Imagem retirada do Google Images

It's not racism but...

Imagem retirada do Google Images

   Apareceu-me hoje esta notícia.

No final do passado mês de abril, a economia portuguesa tinha menos 50 mil empregos do que em fevereiro, dos quais 44,6 mil tinham pertencido a mulheres. Enquanto o emprego feminino teve uma queda de 1,9%, o masculino apenas recuou 0,2%.

   Sou mulher. E apesar da informação não me surpreender, ainda me choca.

Os jovens estão igualmente na linha da frente do embate da covid-19. Embora detenham menos de 6% dos empregos totais da economia, 38% dos empregos destruídos nos meses de março e abril eram de jovens, conta o jornal.

   Sou jovem. Pelo menos penso que com 28 ainda faço parte desse grupo.

   Portanto, tenho dois grandes pontos que me deixam em desvantagem a nível laboral: sou uma mulher jovem.

   Quanto à faixa etária, aquilo de que sofro mais é "falta de experiência". Para tudo e mais alguma coisa é preciso experiência, às vezes até para um mísero estágio. E sendo jovem não tenho muitos anos de experiência profissional.

    Relativamente ao meu género, já sofri na pele a "desvantagem" de ser mulher. Trabalhei durante alguns anos numa parafarmácia onde éramos várias mulheres e um homem (uns anos mais novo do que eu). No último ano em que lá estive surgiu uma vaga para gestor de loja. Penso que essa vaga nem foi divulgada. Isto porque o responsável das lojas daquela região fez uma visita à nossa loja e teve logo uma ligação com o meu colega. Começou logo por perguntar como é que um homem aguentava trabalhar entre tantas mulheres. Já tínhamos ouvido que para a vaga de gestor de loja pretendiam um homem porque "mulheres não têm mão firme". E foi assim que esse meu colega foi escolhido para preencher a vaga. 

   Não estou com isto a dizer que ele não tinha competências para aquela tarefa, estou apenas a apontar o óbvio: se não fosse homem, não teria progredido com tanta facilidade. Ele estava na empresa há 3 anos, mais meio ano que eu. Mas havia colegas que trabalhavam lá há 8 e 10 anos, sem qual quer tipo de evolução na carreira. E se uma delas estava satisfeita com isso, já a outra tinha mostrado imensas vezes vontade de evoluir dentro da empresa e nunca o conseguiu. Até que decidiu ir estudar Ciências Farmacêuticas para aumentar as probabilidades de ter um cargo melhor.

   É ridículo em pleno século XXI isto ainda acontecer. E pior, considerarmos isto normal. Porque não é normal pagarem-me menos, darem-me menos possibilidades de evoluir na minha profissão pura e simplesmente porque nasci mulher. E dou-vos exemplos: o meu pai e a minha mãe têm ambos o 6º ano de escolaridade, o meu pai ganha quase o dobro da minha mãe; eu tenho mestrado, o homem que me atura já há uns anos tem licenciatura, ele ganha quase o dobro de mim. As mulheres até podem investir mais na educação mas de que lhes vale isso se chegam ao mercado de trabalho e são consideradas inferiores só por não serem homens?

Imagem retirada do Google Images.

The inevitable outcome

   Eu bem disse que sentia que vinham grandes mudanças a caminho.
   Ontem estive a trabalhar em casa e no final da tarde o chefe ligou para dar a notícia: não vão renovar o contrato. Portanto tenho um mês para encontrar outro emprego, o que na situação actual não se afigura fácil.
   Definitivamente não será em Psicologia, até agora já recebi duas respostas negativas e depois do que passei neste último ano, acho que fiquei com um trauma e quem vai ter de fazer psicoterapia sou eu, mas como cliente.

   Estudei Psicologia. Fiz licenciatura e mestrado. Por motivos alheios à minha vontade tive de atrasar a entrega da dissertação e terminei apenas no final de 2015. Decidi que queria começar logo a trabalhar, porque aos 23 anos não tinha qualquer experiência de trabalho e não queria continuar a ser uma fonte de despesa para os meus pais. Trabalhei como operadora de caixa num hipermercado (foi péssimo!), depois encontrei trabalho numa parafarmácia também incluída numa rede de supermercados (não era perfeito mas durante 2 anos e meio aprendi muito e pagou-me as contas). Durante estes 3 anos tive a missão quase impossível de encontrar estágio profissional para obter a cédula de Psicólogo da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Isso só aconteceu há pouco mais de um ano. Estava à espera que fosse o início de uma nova era, e foi, mas foi uma era mais negra. Resumindo, a empresa aproveitou-se a nível financeiro e além de ter tido momentos difíceis ao nível de finanças, acabei por também ter problemas ao nível emocional que se traduziram igualmente em problemas de saúde físicos. O meu trabalho consistia em ir a diversos lares de idosos uma vez por semana e fazer sessões de estimulação cognitiva em grupo. Com a situação da pandemia, os lares colocaram restrições, não podia fazer o meu principal trabalho e fui colocada em lay-off. Com o final do meu contrato em Julho, já estava relativamente mentalizada de que ia ficar mesmo desempregada.

   Neste momento estou demasiado confusa para perceber se "I dodged a bullet"  ou se fui enfiar-me na toca do lobo há um ano e tal atrás quando aceitei este trabalho. Nos entretantos, o importante é encontrar outro emprego porque as despesas vão continuar a aparecer.

Let's do this!

   O mundo dos blogs não é novo para mim, desde 2014 que escrevo mas em modo privado. 

   Aquando do início da minha aventura no mundo dos blogs, a 22 de Abril de 2014, escrevi as razões que me fizeram dar esse passo:

"1) porque escrever num diário à antiga (com lápis e caderno, subentenda-se) custa e a minha caligrafia não é do melhor;

2) porque é uma oportunidade para ter dores de cabeça informáticas (que já começaram ainda antes deste post);

3) porque preciso desesperadamente de um cantinho para desabafar;

4) e porque não?"

   Uma outra razão foi que naquela altura sentia que vinham grandes mudanças a caminho: estava no primeiro ano do mestrado em Psicologia, no ano seguinte ia fazer estágio curricular e dissertação, depois iria entrar no mercado de trabalho... no fundo, emancipar-me. E neste momento sinto que é novamente um momento de mudança. A mudança é constante nas nossas vidas, mas há momentos em que apercebemos de forma mais notória que ela está eminente. E por isso, decidi dar mais este passo. 

   No final do meu primeiro post num blog, há 6 anos atrás, escrevi:

"Bem, vamos lá a ver se isto se mantém por muito tempo :)"

   E mantenho esses mesmos votos para este blog!